EDUARDO SIMON, CEO da DPZ&T
O bacana de se conectar com uma música é que ela acaba virando referência de um período da sua vida. Não obrigatoriamente por ser a música mais incrível que você já ouviu, mas pelo significado que ela teve em determinado momento.
Lena Castellón para o Vagalume
Quem é the best na música? Por que?
Escolha difícil. Seria injusto escolher um apenas. Como sou desobediente vou dizer três artistas que são os melhores para mim: Radiohead, Led Zeppelin e David Bowie. Se o mundo colapsasse e eu pudesse escolher apenas três discos para levar para um abrigo subterrâneo, levaria In Rainbows, do Radiohead, LZ I, do Led, e The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders From Mars, do Bowie.
Cinco canções que marcaram sua vida e que estão na sua playlist do coração. Vale explicar a razão (vai que serve para ajudar alguém).
Forever Young — Bob Dylan — Essa música marcou o momento do nascimento da minha segunda filha. Representou a conquista de ser pai já com uma certa maturidade. A letra foi escrita por Dylan e gravada em 1973 como uma reflexão sobre o que ele deseja para o futuro do seu filho Jesse. Apesar de Bob Dylan ter declarado que não queria soar “too sentimental” essa música tem uma carga emocional grande pra mim. Enfrentei muitas madrugadas de cólicas da minha filha cantando a letra pra ela. Acho que ela dormia só pra não ter de ouvir desafinado “May God bless and keep you always/ May your wishes all come true…”
Time to get away — LCD Soundsystem — Ia o ano de 2007 quando descobri, tardiamente, a banda LCD Soundsystem em uma viagem para NY. Eu estava perdido no meio da caótica bagunça de milhares de capas de discos da loja The other music (que, infelizmente, fechou recentemente) quando o dono colocou pra tocar Time to get away, do então recém-lançado álbum Sound of Silver, o que fez com que os três últimos CDs fossem imediatamente vendidos para os clientes que fuçavam na loja (uma cena que parece ter saído do livro High Fidelity, do Nick Hornby), entre eles eu. Não só o disco entrou na minha vida, tocando sem parar pelos meses seguintes, como a banda se tornou uma das minha preferidas por anos e a loja se tornou visita obrigatória.
On the other side — The Strokes — Recém separado, fiz uma viagem de carro pela Califórnia com minha filha mais velha. A ideia era me reconectar com ela, então recém entrada na adolescência, depois de um período traumático de separação. Pegamos a estrada sem direção, decidindo onde parar de acordo com nosso humor. Sem reservas. A playlist tocando no carro servia de pano de fundo para conversas e risadas. Eu tinha de ouvir as músicas dela e ela, as minhas. Strokes foi a porta de entrada para descobrir que o pai dela também ouvia músicas de que ela podia gostar.
Karma Police — Radiohead — Em 1998, recém saído da faculdade, vivia de cima pra baixo com um fone ouvindo as bandas que sempre me acompanhavam. Ok Computer veio como se tivesse sido escrito para aquele momento da vida: reflexivo, levemente down. “This is what you’ll get/ When you mess with us” ecoava quase como um hino de lamento ou de “espere e verá”.
Jesus, etc. — Wilco — Quando conheci minha mulher, nós resistimos, por motivos diferentes, a nos conectar. Quando descobri que Jesus, etc, do Wilco, era a sua música preferida isso colocou nas nossas vidas nosso primeiro soundtrack e fez com que a gente não se desgrudasse nunca mais.
Quais os três melhores shows que viu? Onde? Quando? Como?
Radiohead. Sambódromo do Rio em 2009. A enorme faixa escrita “Queremos paz” na favela atrás do palco, o sambódromo e o show da turnê In Rainbows nunca mais saíram da minha memória.
Broken Bells. The Vic Theatre (Chicago). 2014. Primeiro show que levei minha filha como adolescente. Um teatro antigo em Chicago e eu com as mulheres da minha vida.
LCD Soundsystem. Music Hall Williamsburg 2010. O que era um show virou uma festa divertida.
E letra? Qual é aquela que você canta junto quando toca, que nunca esqueceu? Ou aquela que quer emoldurar e colocar na parede?
Sweet Jane — Velvet Underground.
Uma música ou cantor (a) ou banda para…
a) pegar estrada:
All The Young Dudes — David Bowie;
b) deixar rolar com amigos em casa:
Something About Us — Daft Punk;
c) tocar quando está só:
Sound & Colour — Alabama Shakes;
d) ouvir durante a atividade física:
Quais os melhores usos de música já feitos por marcas ou campanhas?
Bom, fazendo um merchan aqui: usar Starman e mudar a letra para Stargirl para contar a história de uma menininha que sonhava em ser astronauta (Itaú — Leia para uma criança — 2017) foi muito especial e marcante.
Tem aquele filme icônico da Apple da série “Silhouettes” que usa “Lovetrain” (Wolfmother). Retrata a rebeldia contida que a marca emplacou nesta campanha de iPod. Os fones brancos viraram um símbolo de estilo de vida urbano.
E, no quesito “uso de música original”, o filme “The Force”, da Volkswagen, não poderia deixar de ser citado. Experimenta assistir o filme sem a trilha…
